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terça-feira, 22 de março de 2011

Entrevista de Cristiana de Oliveira

Cristiana Oliveira: “Sou mulherão e tenho que me assumir como sou”

Ex-obesa, a atriz engordou 15 kg para participar de “Insensato Coração”. Aos 47 anos, ela garante que não teme as dificuldades para recuperar a boa forma


Cristiana Oliveira deixou a dieta para compor personagem. "Há 34 anos que não como o que quero".
Na noite de sábado (19), Cristiana Oliveira, 47 anos e 22 de carreira, vai surpreender os telespectadores da novela das oito, “Insensato Coração”. Quem espera rever a imagem da sex symbol eternizada pela personagem Juma Marruá de Pantanal (1990) tomará um choque. Ela aparecerá com 15 quilos a mais, os cabelos presos em tranças e onze tatuagens falsas, entre elas um dragão, caveiras e crucifixos. Na trama de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, Cristiana será Araci Larajeira, uma presidiária condenada por tráfico de drogas e formação de quadrilha que se aproximará de Norma, interpretada por Glória Pires.

Mesmo antes da exibição da primeira cena de Cristiana como Araci, a mudança radical já está dando o que falar. Uma foto da atriz com a caracterização pronta foi divulgada na última semana pela assessoria de imprensa da Globo. A imagem, junto com uma declaração de Cristiana em uma entrevista recente afirmando que estaria se sentindo “uma monstra”, mexeu com os brios do público, especialmente o feminino.
“Não entenderam o que eu disse e fico muito chateada porque fui uma pessoa obesa e a minha filha mais velha, a Rafaella (de 24 anos do primeiro casamento com o fotógrafo André Wanderley), luta para perder peso”, explicou Cristiana, que também precisou lidar com a incompreensão das pessoas por ter partido dela a decisão de engordar para a personagem.
A seguir a entrevista com a atriz que relembra o trauma da adolescência de quando foi obesa e conta como foi a preparação para viver Araci - a dieta de engorda e os 11 meses convivendo com detentas de diversas penitenciárias.
iG: Houve uma enorme polêmica quando você disse em uma entrevista que está “uma monstra”. 
Cristiana Oliveira:
 Não entenderam o que eu disse e fico muito chateada porque fui uma pessoa obesa e a minha filha mais velha, a Rafaella (de 24 anos do primeiro casamento com o fotógrafo André Wanderley), luta para perder peso. Aos 16 anos me escondia das pessoas, parei de estudar, fugi de casa, tudo porque engordei muito. Foram 40 quilos e isso na adolescência. Por isso fico triste quando dizem: “Poxa está se chamando de monstra porque engordou?”. É claro que não! Eu sofri muito por causa disso. Sei como é. Me referi a todo um processo que envolve outras coisas. Tem a ver com a personagem que é violenta e tem outras características. É um absurdo achar que falei isso por causa do ganho de peso.
iG: Por que chegou ao ponto de fugir de casa?
Cristiana Oliveira:
 Eu era adolescente e achava que a vida era só aquilo. Sentia a cobrança das pessoas porque tinha um rosto lindo, mas era gordinha. Foi uma parte muito sofrida da minha vida. Larguei a escola por vergonha de que as pessoas me vissem daquele jeito. Fui procurar amigos que gostassem de mim gorda. Quando fugi fui para São Paulo, aluguei um quarto e virei caixa de supermercado. Nem meus pais, nem ninguém sabia. Eles ficaram desesperados. Só avisei um mês depois. Mas minha mãe entendeu meu processo de baixa autoestima, me ofereceu apoio. Comecei a emagrecer naturalmente. Virei modelo aos 19 anos e precisava ser magra. Era o oposto. Se tivesse a maturidade que tenho hoje naquela época, não teria sofrido tanto.

iG: Como foi a repercussão quando veio a público a notícia de que você optou por engordar? 
Cristiana Oliveira: 
Quando souberam que engordei para a personagem tiveram dois comentários que li no Twitter e morri de rir. Uma pessoa disse: “Comeu cocô! Essa mulher enlouqueceu”. A outra falou: “Vai ganhar o troféu de trouxa do ano! Vai engordar 15 quilos e eu aqui querendo perder!” (risos). Impressionante como a mulher é escrava da beleza e da magreza. Acho que você ser magra saudável é um barato. Agora você ser magra do jeito que eu fui, não.
iG: Por que?
Cristiana Oliveira:
 As pessoas diziam que eu estava deslumbrante, com barriga de tanquinho, e me tratavam como se fosse uma rainha. E eu chegava em casa aos prantos porque queria um prato de comida. Malhava quatro horas por dia fazendo dança, exercício aeróbio e não sei mais o que. Lembro que a Soninha, minha personal na época que me fez perder 20 kg depois que tive a Antônia (de 11 anos do segundo casamento com Marcos Sampaio), tentava me estimular enquanto eu estava na esteira correndo. Às vezes eu largava ela falando sozinha. Saia e me trancava no quarto chorando, deprimida. Porque aquilo não era eu. Uma coisa é ser uma Gisele Bündchen que não tem tendência a engordar. Outra coisa é uma pessoa que não tem esse metabolismo.
iG: Como a Rafaella lida com isso?
Cristiana Oliveira:
 A Rafa, na realidade, já é mais gordinha desde pequena. E é exatamente o inverso. Ela tem uma alta autoestima. Quer emagrecer, mas por conta dela e da saúde dela. Não fica mal em casa por causa disso. Pelo contrário. Coloca uma roupinha, sai e, vou te dizer, faz sucesso.
iG: Como foi o processo para engordar os 15 kg?
Cristiana Oliveira:
 Liguei para a Bia Rique, que é minha nutricionista, e até a Andrea Santa Rosa, mulher do Marcinho (o ator Márcio Garcia), também me ajudou. Só aumentei a ingestão de carboidrato e final de semana pude me liberar. Como adoro cerveja comecei a tomar meu chope. E bebida engorda um absurdo. Viajava e comia o que queria. Aproveitei. Há 34 anos que não como o que eu quero. Continuo com os exercícios, mas diminuí o aeróbio porque é o que me mantém magra. Investi em exercícios que me dessem massa muscular. Malho todo dia. Só não faço exercício domingo. Estou pesando 76kg, mas agora parei.
iG: Não dá medo de não conseguir voltar ao corpo que tinha antes?
Cristiana Oliveira:
 Eu sou guerreira, muito determinada e disciplinada. E agora eu tenho um equilíbrio. Não quero mais ficar magra como eu era. Estou com 47 anos. Depois de um certo tempo, quando a gente emagrece muito, tem que escolher a cara ou a bunda. Então escolho a minha cara que é o que mais aparece na televisão. Quando estou um pouquinho mais cheinha a cara fica melhor. Então não preciso ficar muito magra também. Vou ficar normal. Eu sou mulherão e tenho que me assumir como sou.
iG: Quando está caracterizada consegue olhar no espelho e separar a Cristiana da Araci?
Cristiana Oliveira:
 Quando me caracterizo falo para não me chamar mais de Cristiana. Faço exercício de voz toda vez que entro em cena para falar mais grosso, a postura muda, faço flexão antes de começar a gravar para inchar o braço. Depois, quando acabo, eu falo: “Araci vaza”. As meninas de cabelo e maquiagem brincam muito comigo. Peço para elas fazerem escova em mim para eu me sentir mais mulherzinha. Não posso fazer a unha, sobrancelha, nem depilar a perna. Nada.
iG: Quem é a Araci?
Cristiana Oliveira: 
Segundo o Ricardo Linhares (autor) a Araci é uma traficante e foi presa por formação de quadrilha. Eu quis buscar quem poderia ser parecida com essa mulher. Fiquei 11 meses convivendo com detentas que foram presas por tráfico. Escutei várias histórias e comecei a formar a Araci por trás disso. Conheci mulheres que são homicidas, que mataram os caras que violentaram elas quando tinham 7 anos, mulheres que mataram o cara que violentou a filha, que mataram de ódio. Não conheci as ditas psicopatas, envolvidas com pedofilia ou “Duque 13”, que significa estupro. Eu não quis conhecer. Para mim não dá. Aí já fica pesado demais.
"Não quero mais ficar magra como era. Depois de um certo tempo,
 quando a gente emagrece muito, tem que escolher a cara ou a bunda".
iG: E o que você entendeu sobre quem são essas mulheres que se tornaram traficantes na vida real?
Cristiana Oliveira:
 Geralmente são mulheres que não têm uma infância equilibrada, que sofreram com falta de afeto e que, de repente, descobriram uma homossexualidade. Se sentiram um homem num corpo de mulher, ou seja, já começaram presas desde pequena. Muitas sofreram preconceito da família e foram expulsas de casa. Nesse ponto elas começam a cometer pequenos delitos, vão se envolvendo com outros homens ou com outras meninas, se viciam em droga, começam a traficar, a se transformar em “homens violentos” porque querem se defender.
iG: Se inspirou em alguém em especial?
Cristiana Oliveira:
 Fui pegando essas mulheres e juntando como um quebra-cabeça. Não conheci a Araci de falar: “Caramba, é você!”. Fisicamente sim. Eu tenho a minha musa inspiradora que não posso falar o nome. (risos) Ela sabe que é ela. Talvez agora esteja até solta porque a conheci em uma casa de custódia e ela ainda não estava condenada.
iG: Você é jornalista. É verdade que pensa em escrever um livro sobre essa experiência? 
Cristiana Oliveira:
 Trabalhei no segundo caderno do jornal O Globo quando tinha 23 anos. Eu era a mascote do jornal. Era modelo e quando chegava todo mundo queria me ensinar alguma coisa. Lembro que na época o jornal estava saindo da máquina de escrever e começando a usar computador. Vinha todo mundo me ajudar. (risos) Quero escrever um livro para não desperdiçar todo esse material. Mas só depois que terminar a novela. Agora vou me dedicar à personagem porque é uma participação muito especial.
iG: Você sempre emendou uma novela na outra, mas de uns anos para cá deu uma desacelerada, fez mais participações ao invés de novelas inteiras. Foi intencional? 
Cristiana Oliveira:
 Não. Chega numa certa idade em que começa a ficar um pouco mais complicado com relação a personagens, especialmente os femininos. As pessoas sabem que eu tenho 47 anos e vão me colocar para fazer personagens que tenham essa idade. E eu também não vou querer fazer papel de menininha. Mas sou uma pessoa muito ativa, dinâmica. Eu não paro de viver, nem de aproveitar a minha vida. Sou contratada da Globo há quase 20 anos. Não tenho esse excesso de ego. As minhas participações foram todas de personagens muito diferentes porque fico com um leque de possibilidades como atriz que é muito mais interessante. Eu não tenho mais idade para ficar fazendo a menininha bonitinha.
iG: Pensa em se casar novamente?
Cristiana Oliveira:
 Estou solteira há um ano e meio. Não penso muito nisso porque não tenho essa carência. Fui casada dez anos a primeira vez e seis anos na segunda. Quero viver a minha vida. Se tiver que acontecer vai acontecer.






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